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domingo, 13 de dezembro de 2009

Perfil

Um educador Ribeirinho

Das regiões ribeirinhas de Abaetetuba para o universo literário, o escritor João de Jesus Paes Loureiro se tornou um dos maiores literários do Brasil e trouxe consigo a riqueza cultural amazônica e todo o seu potencial simbólico. Seus livros são referência para muitos estudos acadêmicos como a estética e a filosofia, e suas obras poéticas encantam gerações de “amazônidas”.
Em seu apartamento em um bairro nobre de Belém é possível observar as várias influências culturais e simbólicas que permeiam a vida e as obras de Paes Loureiro. Ao entrar, vêem-se pinturas modernas ao lado de cocares enquadrados como verdadeiras obras artísticas, e que de fato o são para o escritor.
Um enorme barco junto com alguns outros brinquedos de Miriti, característicos da região nativa do poeta, enfeitam um cantinho específico da casa. Como se ali, junto com as plantas e a mesa de jantar, fosse o seu espaço de lembranças da infância.
Uma mistura de clássico e moderno, regional e universal. Dizem que a casa é o reflexo externalizado do homem. Se assim o for, Paes Loureiro é como um filósofo grego em um anfiteatro no meio da floresta amazônica. Sempre aberto a novas formas de conhecimento, a novas realidades, sem deixar de lado a sua natureza, sua essência
Atualmente, Paes Loureiro se dedica principalmente a lecionar. Professor da Universidade Federal do Pará, ensina nos cursos de Comunicação Social e Licenciatura Plena em Dança. Para o educador, dar aula já se tornou algo completamente natural. Sempre sentiu a profissão de professor como uma vocação.
Ao ser indagado sobre como é ser um professor, ele diz que é uma constante renovação de pensamento. “A relação entre aprender e ensinar é indissociável e necessária para o enriquecimento profissional e humano. Nessa área não se vive isoladamente, o professor é um ser de companhia”.
Para ele a troca de conhecimento e a mudança são elementos necessários para que se saia do lugar comum e se evolua. Por isso ele tenta estar sempre acessível para os seus alunos e a cada ano muda seu planejamento de curso, para que assim novos pensamentos se formem partindo de um mesmo ponto.
Francisco Paulo Mendes (popular Chico Mendes) e Joaquim Fontes Brasil foram professores de João de Jesus na graduação e na pós-graduação respectivamente. E para ele, esses são seus dois modelos de educador. Suas características que os diferenciaram são exatamente as que Paes Loureiro presa em seu trabalho: a acessibilidade; a organização; a busca pela clareza na explicação; e a simplicidade.
As dimensões artísticas e profissionais se entrecruzam na pessoa do escritor. Para ele não há uma indissociabilidade nem uma diferenciação entre o ser artista e o ser professor. “Hoje é algo tão intrínseco, tão encarnado no meu ser que não há como ser uma coisa sem ser outra ao mesmo tempo. Tudo está aqui, uno. Eu fiz licenciatura em letras para ser também escritor. Está em mim desde o princípio.” Diz João de Jesus.
Questionado sobre o modelo de aluno ideal, Paes Loureiro revela que para ele não há. Cada um tem sua forma de aprender. Cada um tem seus objetivos e ambições. Mas há algumas características admiráveis em um estudante.
Por exemplo a assiduidade nas aulas; a participação dentro de sala ao perguntar, questionar, acrescentar, problematizar; e a busca do conhecimento dentro e fora do espaço acadêmico. Mas para ele essa busca deve ser feita principalmente dentro da universidade e da sala de aula, local específico para o erro e o treino, pois quando se está fora é preciso ter esse conhecimento o mais concreto possível.
Quem conhece pessoalmente João de Jesus Paes Loureiro sabe o quanto é enriquecedor ouvir suas experiências de vida, seus ensinamentos, suas explanações. E entende a importância desse poeta, professor, escritor, artista, educador para a cultura amazônica. E para quem não conhece vale a pena procurar, pois há muito o que se ouvir e descobrir sobre ele.
Conhecer Paes Loureiro é conhecer um pouco da Amazônia. Mas não a Amazônia das reportagens, deveras distantes da realidade. Mas sim conhecê-la de um ponto de vista poético, visionário, simples e claro. Como de uma criança que vê tudo pela primeira vez. E ouve as histórias da Tia Maria na beira do rio, em Abaetetuba.

Um comentário:

  1. ...ao ser que me encanta quando Dança deixo todos os elogios pela brilhante idéia do Blog voltado para esse campo tão vasto chamado Arte... Abraços com aromas de Ervas,Bárbara Dias!

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